ARTIGO DE AUTORIA DE CÁTIA VELOSO EM PARECERIA COM CAMILA DINIZ
Há quantos anos escutamos essa música no final do ano e quantas vezes realmente refletimos sobre ela? É uma música atrelada a uma gigantesca empresa de televisão e streaming, mas vale para qualquer um de nós!
Será que estamos mesmo começando um novo tempo, ou repetindo comportamentos antigos?
Será que estamos efetivamente sendo diferentes, e iniciando um novo tempo? Ou nem vamos revisitar o que fizemos em 2023 para melhorar o dia a dia em 2024?
Como nos comportamos para tornar o ambiente de trabalho mais prazeroso?
Quais ações tomamos para evitar, ou até mesmo reportar e tratar abusos?
Estamos transformando nossos ambientes, e estamos dedicados a melhorar nossas relações no trabalho, ou já nos conformamos que estamos falhando?
Mais um ano se passou e o número de doenças relacionadas ao trabalho só aumentou, segundo o Ministério da Saúde.
Precisamos parar de culpar os outros.
Culpar a pandemia.
Ela foi um fator muito importante em 2020, 2021 e até 2022. Mas em 2023, de fato, fomos nós que contribuímos para os ambientes que convivemos.
Muito se falou em 2023 sobre escuta ativa, comunicação não violenta, líderes engajadores, comportamentos adequados, integridade, respeito ao diverso…, mas, além dos discursos motivadores e treinamentos constantes, o que efetivamente estamos dispostos a fazer de diferente em 2024 e não afetar negativamente nossos colegas de trabalho?
Tivemos relatórios impecáveis de sustentabilidade, equidade, direitos humanos. Foi suficiente? Não esqueçamos: papel tudo aguenta! No mundo real, as dores que afetam as empresas e as pessoas são as mesmas há anos e pouquíssimos avanços são vistos. Se estamos tão “bem na fita” como dizem os relatórios, por que ainda ouvimos tantas mazelas no mundo e, em especial, no ambiente de trabalho?
Vamos cair na real! O novo tempo é o velho tempo se NÓS não mudarmos.
O que precisa mesmo começar não é um novo ano, e sim novas atitudes!
Precisamos ser protagonistas! Precisamos mudar a nós mesmos primeiro, seguindo a máxima que ouvimos no avião: “a máscara primeiro em si e depois no outro”.
Precisamos parar de exigir do outro mudanças, imputar aos demais uma responsabilidade que também é nossa. Precisamos nos incluir!
Precisamos começar por nós!
Aqueles que ocupam espaço e posições de liderança mais ainda! Precisam compreender seu privilégio e seu dever de capitaneamento; humanizando seus olhares, compreendendo e ouvindo mais.
E em que tudo isso se conecta com compliance? Tudo isso é compliance! Estamos falando aqui de ética e integridade.
Ética não é fazer o certo de forma obrigatória. Ética é fazer o certo como estilo de vida, como escolha. Uma cultura ética e de integridade vai além de simplesmente seguir regras e regulamentos. Ela é em um conjunto de valores profundamente enraizados que orientam o comportamento de todos os membros da organização. Este é o verdadeiro propósito do compliance: formar pessoas além do cumprimento de documentos escritos. Por isso sempre repetimos: para termos um compliance realmente efetivo é preciso ter-se cultura; onde a conformidade é intrínseca à forma como a organização opera e toma decisões. É o incentivo para que as pessoas façam escolhas baseadas em transparência, respeito, princípios e valores coletivos. E a integridade? Ela não é apenas o comportamento de não tolerância a corrupção ou ações antifraude. Integridade é, ainda, o respeito à mente e o corpo de todos aqueles que nos relacionamos no trabalho.
Assim, não há Compliance sem pessoas, pois Compliance é cultura! Tem sua raiz no comportamento e atitude humanos. O grande desafio é alinhar os valores pessoais e valores corporativos de uma empresa, difundindo e enraizando os valores do Código de Ética, grande guia da organização. Por isso, ele precisa ser tão “a cara da empresa”; para que todos se projetem e se reconheçam ali. E aquele que não se vir, que busque um outro ambiente em que se sinta mais alinhado.
Mas, fato é que os maiores problemas relacionados a Compliance acontecem nas empresas quando atitudes / ações de poucos direcionam e orientam, de forma negativa, o comportamento dos demais. Por isso acreditamos que numa agenda ESG, tão em voga nos dias atuais, precisa ter as pessoas como foco!
Quem cuida dos impactos no meio ambiente?
Quem toma decisões que podem afetar a natureza?
Quem decide onde investir?
Quem escolhe a metodologia das decisões numa empresa (governança)?
Quem decide ser ou não mais diversos?
Quem escolhe as ações sociais que deseja apoiar?
PESSOAS!
Por isso o Compliance é tão importante! É a área que contribui para o alinhamento de valores, comportamentos esperados e garante o cumprimento do conteúdo do Código de Ética. Não é apenas um administrador de riscos. É um construtor de cultura!
E por falar em cultura, não esqueçamos da diversidade. Para construção de princípios, valores e culturas empresariais mais justas é essencial a multiplicidade de pessoas. Tendo diversidade nas organizações se acelera o aprendizado, a quebra de barreiras, a inovação e adquire-se novas perspectivas.
Então, que VOCÊ comece logo seu novo tempo e remolde a forma como se relaciona com as pessoas. Que um novo tempo repleto de integridade e ética sejam pauta estratégica das empresas. Que assumamos a responsabilidade de sermos melhores, com nossas famílias, colaboradores, amigos, meio ambiente e sociedade; estabelecendo o exemplo como premissa!
Vamos efetivamente aplicar a famosa frase “walk the talk”, ou seja: sejamos coerentes e sirvamos de exemplo. É preciso alinhar discurso e prática, começando, realmente, por nós!